Mescaline Cake

A Bússola de Ouro é um filme dirigido por Crhsi Weitz e com Nicole Kidman no elenco trata a questão do livre arbítrio que todos nós humanos tanto preservamos. O filme em si nos mostra uma guerra civil feita às sombras entre a soberania do estado, denominado de “O Magistério” e os rebeldes eu derivam de diversos grupos, tanto os intelectuais de uma Oxford quanto seres míticos como os ursos guerreiros e as feiticeiras do céu do norte.

O filme fala da compreensão da realidade em suas diversas dimensões, é interessante, pois ele entra numa questão metafísica. A existência de diversos universos paralelos e a possibilidade de poder viajar entre eles sendo todos estes interconectados por uma substância, no caso do filme, eles a chama de “pó”, e ele é dourado, não branco ta gente! Essa teoria toda me lembra certas coisas que vejo no xamanismo, mas não pretendo chegar a este tipo de discussão aqui.

Infelizmente, a adaptação dos livros de Philip Pullman teve diversas falhas. Os personagens não são profundos, somente a persona de Kidman chega a ter mais profundidade, mas nada satisfatório. O que acontece é que tudo ocorre muito rapidamente, não dando tempo de dar mais incremento aos personagens. Como se pode ver no papel de Eva Gree, uma excelente atriz que atua uma personagem de extrema importância, a rainha das feiticeiras que é a guia da menina escolhida, e aparece unicamente umas três vezes no filme, praticamente só pra dizer “oi” ou pra ajudar a matar inimigos. Péssimo aproveitamento de excelentes atores e personagens.

Outro problema do filme é o fim. É de conhecimento geral que este filme pretende se equiparar em sucesso ao Senhor dos Anéis que despertou nas pessoas o interesse por histórias que falem de fantasia. A tentativa de fazer um sucesso equiparado chegou ao ponto de fazerem finais semelhantes, ou melhor, não fazer um final redondo. Isso é bom e ruim ao mesmo tempo, porém o final foi feito e deixado guardado. O que será feito dele? Será a primeira cena de “A Faca Sutil” (continuação de “A Bússola Mágica”), ou será lançado no DVD?

Agora o ponto mais negativo do filme, em comparação a obra original. Porque transformar o magistério numa instituição política se ele originalmente é religioso? Será que o diretor/roteirista esta receoso em receber as críticas que Pullman recebeu sendo acusado de ser satanista e de “induzir as crianças ao ateísmo”? Bom, esse foi o maior pecado do diretor, a falta de ousadia. Alterar a essência do inimigo é alterar a essência da história, e não existem razões óbvias além da fuga de acusações e críticas negativas. Bons diretores são caracterizados pelas ousadias que fazem, não pelos excelentes cenários e figurinos que produzem, o que “A Bússola Mágica” esta com nota mil.

Pois bem, pode ter parecido que eu não gostei do filme, muito pelo contrário. O filme é excelente, só tomei consciências dessas críticas quando após ter visto o filme pesquisei a obra de Pullman e as polêmicas causadas. Vendo por este prisma o filme peca em diversos aspectos com a obra em que se espelha, porém se falarmos unicamente de um filme sem tomarmos consciência de sua origem iremos ver que é um excelente filme, com uma boa mensagem, boa ação e com bastante conteúdo. Possui diálogos interessantes e embates pessoais contra a própria natureza bem presentes dos inimigos. A mulher que se irrita com sua alma ou o urso que deseja uma alma humana de estimação. São questões muito bem tomadas pelo diretor e que merecem grande privilegio. Esperamos que a continuação supere o primeiro filme e que seja mais respeitosa com o original.

Filme nota oito. Vá ao cinema!!